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UNB – A Hereditariedade Astrológica

Autora: Celisa Beranger em 13 de agosto de 2005

(Palestra proferida em 13 de agosto, no 1º Encontro Nacional de Astrologia na Universidade de Brasília)

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Muitos anos de trabalho com a busca e retificação da hora do nascimento e ainda o atendimento de vários membros de uma mesma família possibilitaram a observação da repetição de fatores astrológicos na análise de Cartas de nascimento de avós, filhos e netos.

Passamos então a incluir, em nossos procedimentos para a localização da hora do nascimento, o estudo de mapas de membros diretos da família (avós, pais, filhos, irmãos).

Muitas vezes foram as Cartas de membros da família que possibilitaram a formulação de uma hipótese para a busca da hora de nascimento. As posições de planetas próximos aos eixos Ascendente-Descendente ou Meio do Céu-Fundo do Céu, o signo Ascendente, as Casas em que o Sol ou a Lua se localizavam e até mesmo interaspectos da Carta do filho com a Carta dos pais foram a chave para localização da hora do nascimento. Este foi o caso de uma senhora cujo Ascendente poderia estar no signo de  Leão ou Virgem, e o  Sol em Gêmeos poderia localizar-se na Casa 9 ou 10. Seu filho mais velho apresentava o Sol na Casa 9 e a filha, mais nova, o Sol no signo de Virgem. Considerar o Ascendente em Virgem e o Sol na Casa 9 foi um bom começo, porque também corroborava a descrição de suas características pessoais.

Muitas áreas de estudo se ocupam do tema da hereditariedade, especialmente a área biomédica, dentro do conceito de que hereditariedade é a transmissão de caracteres físicos ou morais de uma pessoa ao seu descendente.

Pesquisas de biólogos e psicólogos da Universidade americana de Harvard já haviam comprovado a presença da hereditariedade no temperamento. Em abril de 1999 o Centro de Pesquisas de Gêmeos e Adotados da Universidade de Minnesota, divulgou o resultado da pesquisa de 20 anos montada por Thomas Bouchard e que utilizou 8.000 pares de gêmeos, separados pouco depois do nascimento, para avaliar as influências relativas à genética e às circunstâncias ambientais na formação da personalidade.

Os pesquisadores chegaram ao que foi chamado de índice de hereditariedade nos traços comportamentais.

A conclusão apresentou a participação de 55 a 70% do componente genético em vários itens do temperamento. Eles descobriram que a propensão a ser influenciado pelos outros é um traço 60% hereditário. O prazer da estética é 55% produto da genética. A inteligência, QI, é 70% determinada pela genética, etc.

O mais significativo neste resultado foi a possibilidade de medir cientificamente  algo que já se sabia há muito tempo. Os pais passam aos filhos não apenas a parte física, mas também traços da personalidade. Como exemplo podemos lembrar a quantidade de pilotos  nas fórmulas 1 e Indy  que são filhos de pilotos.

A premissa astrológica, comprovada pela pesquisa Gauquelin que veremos a seguir, afirma a correlação entre as posições dos astros no nascimento e a personalidade. Se esta possui um forte componente genético a hereditariedade deverá estar presente na Carta Natal.

Cada um dos itens relacionados no resultado da pesquisa de Minnesota está simbólica e analogicamente representado na Carta de Nascimento por este motivo podemos admitir que, de certa forma, esta pesquisa apóia a presença da hereditariedade na Carta. Vide na página seguinte o resumo dessa pesquisa.

CENTRO DE PESQUISAS DE GÊMEOS E ADOTADOS DA UNIVERSIDADE DE MINNESOTA – 1979 A 1999

Influência da hereditariedade nos traços comportamentais

GRANDE
AGRESSIVIDADE: Marte
DOENÇAS:
Cardíacas – Sol
Diabetes – Vênus e Júpiter
Hipertensão – Júpiter
Mentais – Mercúrio
Úlcera – Lua
INTELIGÊNCIA: Mercúrio

MÉDIA
ANSIEDADE: Mercúrio e Urano
AVERSÃO A RISCOS: Saturno
CAPACIDADE DE LIDERANÇA: Sol e Marte
CAPACIDADE DE OBTER PRAZER ESTÉTICO: Vênus e Netuno
ESCOLHA DA CARREIRA: Meio do Céu, planetas ligados a ele e outros fatores
EXTROVERSÃO: Júpiter
FELICIDADE: Vênus e Júpiter
OTIMISMO OU PESSIMISMO: Júpiter ou Saturno
POSTURA IDEOLÓGICA: Urano ou Netuno
PROPENSÃO A SER INFLUENCIADO PELOS OUTROS: Netuno
RELIGIOSIDADE: Netuno
TIMIDEZ: Saturno ou Lua
TRADICIONALISMO: Saturno

PEQUENA
MANEIRA DE AMAR: Vênus

PESQUISA HISTÓRICA

Decidimos, então, pesquisar a possibilidade de comprovação da transmissão de caracteres pessoais, ou melhor a presença da hereditariedade nas Cartas astrológicas de nascimento.

Começamos pela pesquisa histórica e verificamos que há pelo menos 18 séculos, a Astrologia afirma que a hereditariedade pode ser localizada na Carta Natal. A primeira referência encontrada é do século II, no Tetrabiblos de Claudio Ptolomeu, Livro III, capítulo 1:

“As posições que circundam o momento de nascer, induzem a que o nascimento concorde com o estado apropriado do ambiente que o rodeia. Porque a natureza depois de sua criação o faz mover-se para sair do corpo materno, quando a qualidade do ambiente se assemelha àquela  em que se formou”.

Contudo, a referência mais famosa  é de Johannes Kepler, o famoso astrônomo e também astrólogo, no livro “De Armonice Mundi”, do século XVI:

“Quando o feto está pronto, a capacidade formativa do ser que controla a geração, rodeia potencialmente seus quadris e empurra o feto e com isto estimula a nova vida na ocasião em que as estrelas retornam aos locais do nascimento do pai e mãe, ou alguma configuração similar chamando o ser à memória de si mesmo e do seu caráter celeste. Há um argumento perfeitamente claro além de outros, em favor da Astrologia, a relação horoscópica entre pais e filhos”.

Em defesa desta afirmação, em 15 de março de 1598, Kepler escreveu uma carta a seu mestre Maestlin (publicada em 1981 no livro  Die Astrologiae des Johannes Kepler de H.A.Strauss), na qual apresenta as similaridades e inter-relações entre o Mapa de Maestlin e do filho:

“Observe a semelhança entre os dois nascimentos: Você nasceu sob uma conjunção de Sol e Mercúrio e seu filho também, ambos com Mercúrio antes do Sol. Você tem um trígono Lua-Saturno e ele quase um sextil. Você tem um quase trígono Sol-Saturno como ele. No ponto onde está o seu Saturno ele tem o Sol e Mercúrio. Onde está localizada sua Lua, encontra-se o Júpiter dele. No ponto de sua Vênus seu filho tem o Nodo Sul, e a sua Vênus é oposta à dele. Como seu filho, você tem Marte e Júpiter muito próximos e no ponto onde está o seu Júpiter encontra-se precisamente o Marte de seu filho.”

No século passado, encontramos diversas pesquisas e estatísticas que enfocaram a hereditariedade astrológica. O francês Paul Choisnard em 1919 montou o que se considera a primeira. Choisnard concluiu que havia uma tendência para que as crianças nascessem com Sol, Lua, Ascendente ou Meio do Céu no mesmo signo dos pais e afirmou:

“A criança não tem um tal caráter por nascer em um dado momento, ela nasce no tal momento porque por hereditariedade terá tal caráter.”

Anos mais tarde, em 1939, o estatístico suíço Karl Krafft, tido como astrólogo, afirmou no seu Traité d’Astrologie:

“O homem não vem ao mundo sob um céu qualquer, mas sob um céu que mostra semelhança marcante com o céu de nascimento de outros membros de sua família”.

Na década de 30 o inglês Charles Carter, no livro Os Aspectos Astrológicos, apresentou seu enfoque de hereditariedade.

“Em sentido geral, a nossa hereditariedade, quer seja por parte de pai, quer seja por parte de mãe, é conhecida principalmente pela Lua (significadora  genérica dos pais, família, lar). Por exemplo, o Rei George V tem o Sol em Gêmeos, que não descreve o seu pai que nada tem nesse signo, nem descreve o avô que nele tem apenas Marte. Contudo, ele é nitidamente derivado da Rainha Vitória que tinha Sol e Ascendente nesse signo”.

Entretanto, a pesquisa mais relevante pertence ao estatístico francês Michel Gauquelin. Nascido em uma família na qual Astrologia era um assunto comum apaixonou-se por ela. Estudando na Sorbonne, em 1950, tomou conhecimento da importância da pesquisa científica e decidiu verificar os trabalhos de Choisnard e Kraft. Ao descobrir erros de metodologia concluiu que a tradição astrológica não resistia a uma avaliação científica e afirmou: “foi como ser traído pela amada” e voltou-se contra a Astrologia. Este sentimento levou o escorpião Gauquelin a dedicar obsessivamente 40 anos de sua vida a estatísticas envolvendo a correlação entre a posição dos astros no nascimento e os traços de caráter, primeiro, e depois a hereditariedade, afirmando, entretanto, que seu objetivo era apenas estatístico e não astrológico. Isto fez com que a maior parte do meio astrológico não se interessasse por suas pesquisas que na realidade comprovaram premissas astrológicas.

Gauquelin dividiu o movimento dos astros a partir de sua ascensão (no horizonte) em um dado local em 36, 18 e 12 partes no sentido astronômico (horário) e não astrológico como fez questão de afirmar, mas citou que sua divisão por 12 era similar ao sistema de Casas Placidus (astrológico).

Suas primeiras pesquisas, com 80.000 cartas, constataram a relação entre o sucesso profissional, em dez categorias, e as posições de Lua, Marte, Júpiter e Saturno em zonas próximas, e principalmente logo após a ascensão e culminação destes astros, que na Carta astrológica de nascimento correspondem ao Ascendente e Meio do Céu, e em menor grau  a localização logo após o ocaso e a culminação inferior que correspondem ao Descendente e Fundo do Céu.  Algum tempo depois Gauquelin também incluiu o planeta Vênus em seus resultados.

Os resultados obtidos levaram Gauquelin a formular a hipótese de que a verdadeira  correlação não é entre planeta e sucesso, mas entre planeta e traços de caráter, porque são estes que levam à escolha da profissão, daí a designação de seu trabalho como “Método dos Traços de Caráter”.

Visando a aceitação de seu método pelo meio acadêmico, Michel, auxiliado por sua primeira esposa Françoise, fundou o “Laboratório de Estudos da Relação entre Ritmos Cósmicos e Psicológicos”, que publicou 30 volumes contando os resultados de seus experimentos. No meio científico a pesquisa Gauquelin ficou conhecida como “O Efeito Marte” correspondente ao experimento que relacionava a posição deste planeta com os campeões esportivos. Entretanto, apesar de atender às regras da estatística científica, poucos acadêmicos aprovaram seu trabalho:

George Abell da Universidade da Califórnia, Marvin Zelen de Harvard e Paul  Kutz da Universidade de Nova York. O trabalho também foi aceito pelo Comitê Belga para Investigação Científica dos Fenômenos Reputados Para-normais.

Gauquelin também escreveu diversos livros destinados ao público em geral,  publicados em diversos idiomas, dentre eles estão Les Personnalités Planetaires e A Cosmopsicologia.

A hipótese da hereditariedade foi formulada para testar a possibilidade de que efeitos genéticos pudessem explicar os resultados anteriormente obtidos e também  para responder às críticas feitas à utilização apenas de dados de pessoas de sucesso.

“Se a posição de um astro é indicativa de tendência de caráter, a tendência deve ser hereditária.”

Ainda calculando todos os mapas a mão ajudado por Françoise e outros poucos, em 1966, Gauquelin começou sua pesquisa de hereditariedade. Até 1977  foram estudadas cerca de 30.000 datas obtidas em Cartórios de Registro Civil na França, que obrigava a colocação da hora do nascimento. A conclusão destas pesquisas apresentou a tendência das crianças nascerem com os mesmos astros dos pais nas mesmas zonas fortes (próximas à ascensão ou culminação) já encontradas para os traços de caráter. A tendência dobrava quando  pai e mãe tinham um mesmo planeta nestas zonas.

Contudo, como na pesquisa dos traços de caráter, no resultado apareceram apenas os mesmos cinco astros Lua, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.

E Gauquelin afirmou nada ter encontrado com relação à hereditariedade zodiacal, ou melhor, envolvendo signos ou aspectos. Entretanto, como Choisnard, ele pesquisou apenas a repetição do signo do Sol, da Lua, do Ascendente ou do Meio do Céu e ainda a distância entre Sol e Lua na comparação de Cartas de Nascimento de pais e filhos.

A experiência manual foi repetida por computador entre 1979 e 1984, e a importância da tendência encontrada nos primeiros estudos perdeu a significância estatística e em um terceiro experimento composto de 50.942 mapas, apenas a zona de ascensão apresentou alguma força, ou quando ambos os pais possuíssem um mesmo planeta em uma zona forte. Contudo, ainda assim os resultados foram mais fracos que os primeiros. Gauquelin afirmou então que era necessário repetir a experiência com 100.000 novas datas, mas isto desistiu da vida antes que isso fosse possível.

As experiências em computador permitiram a revisão da ponderação quanto a partos cirúrgicos impedirem a hereditariedade. Gauquelin concluiu então que a interferência médica não modificava a distribuição das horas de nascimento e, portanto, não interferia na hereditariedade.

É importante ressaltar que Michel Gauquelin não era astrólogo e portanto não possuía  prática  astrológica, mas, de qualquer forma,  a importância de suas pesquisas  é inestimável, porque além de estabelecer as fundações para uma Astrologia com algum embasamento científico, validou a força dos dois eixos principais da Carta (Ascendente – Descendente e Meio do Céu – Fundo do Céu) e fundamentou a premissa astrológica da correlação entre a posição dos astros no nascimento e a personalidade e ainda confirmou os significados astrológicos dos planetas (os traços por ele definidos para Lua, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno corroboram os significados utilizados pela Astrologia).

Entretanto, quanto à hereditariedade, os últimos resultados mostraram que a questão era bem mais complexa. Gauquelin resumiu toda sua experiência quanto à hereditariedade no livro Planetary Heridity.

De qualquer forma, suas pesquisas de hereditariedade renderam frutos. O astrônomo inglês Percy Seymour utilizou o trabalho de Gauquelin na montagem d seu modelo científico de ressonância, publicado no livro Astrologia – A Evidência Científica.Neste modelo, Seymour considerou que o Sistema Solar compõe a Sinfonia do Campo Magnético da Terra. Somos programados sob certas freqüências que nos dispõem a captar uma gama melódica própria na Sinfonia do Sistema Solar. O Sistema Solar é considerado por Seymour como transmissor da música cósmica, sendo o Sol e a Lua as principais estações desta transmissão. Seymour admitiu que um sinal permitiria que fizéssemos nossa entrada no mundo e esta seria a resposta à melodia cósmica.

Em 1990 o italiano Ciro Discepolo, astrólogo experiente, auxiliado pelo também astrólogo Luigi Mieli, solicitou a ajuda de Gauquelin para o fornecimento de dados  (uma  vez que na Itália não  havia obrigatoriedade da informação  da hora do nascimento para o registro) e montou uma pesquisa para provar a hereditariedade em termos de Zodíaco, que embora afirmada por Kepler, Choisnard e Krafft havia sido negada por Gauquelin, mas é visivelmente verificada na prática.

Como agradecimento pelo fornecimento dos dados Discepolo e Miele dedicaram a pesquisa aos Gauquelin. Os dois italianos estabeleceram 25 variáveis, relacionando os signos do Sol, Lua e Ascendente e as Casas do Sol e da Lua de pais e filhos.

Os resultados obtidos, em um experimento com 8.219 datas de franceses foram analisados pelo Departamento de Matemática e Estatística da Universidade de Nápoles. Os responsáveis pelo departamento Francisco Mola e Luigi D’Ambro confirmaram a evidência principal, com alto nível de significância estatística, de que as crianças nascem com mais freqüência com o Ascendente no signo do Sol do Pai ou da Mãe. Contudo, podemos verificar que outras três variáveis também apresentaram significância estatística, conforme podemos verificar no resumo apresentado nas duas  páginas  que se seguem.

Um segundo experimento foi montado com 3.972 datas de italianos, conseguidos a duras penas. Neste novo experimento a significância estatística relevante foi apenas para a relação do signo Ascendente do filho com o signo solar do pai. Discepolo apresentou como explicação a importância maior dada na Itália aos filhos homens que poderiam ter, por isto, mais precisão no fornecimento da informação do que no caso das filhas mulheres cujo registro poderia ter sido feito vários dias após o nascimento e a informação da hora poderia não ser  precisa.

Os resultados da pesquisa italiana foram publicados no livro Osservazioni politematiche sulle ricerche Discepolo/Miele.

Em 1999, quando fizemos contato com Discepolo, ele nos disse que após o estudo de 75.000 nascimentos  podia reafirmou a tendência dos filhos nascerem, com mais freqüência que a média, com o Ascendente no signo do Sol do pai ou da mãe. O que é, aliás, facilmente comprovado na prática.

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RESULTADO  DA  PESQUISA  DISCEPOLO/MIELE

1º  Experimento: 8.219 datas de franceses

Signo ASCENDENTE Filho = Signo SOLAR Pai ou Mãe
Signo SOLAR Filho = Signo ASCENDENTE Mãe
Casa SOL Filho = Casa SOL Pai
Casa SOL Filho = Casa LUA Mãe

2º Experimento: 3.972 datas de italianos

Predominou
Signo ASCENDENTE Filho = Signo SOLAR Pai

NOSSA PESQUISA

Tomando como base as pesquisas de Gauquelin e Discepolo, decidimos montar um pequeno experimento.

Para isto, no começo de 1999 levantamos os dados disponíveis em nosso arquivo e solicitamos a colaboração de clientes, estudantes e colegas para o fornecimento de novos dados.

Solicitamos também a colaboração dos então alunos do Espaço do Céu para a execução do trabalho. Nosso pedido foi atendido por: Ana Maria Mastrogiovanni, Deborah Camacho, Fausta Boscacci, Marilda Goulart e Thereza Samuel.

METODOLOGIA

– Obtivemos 610 dados de nascimentos, constituindo 244 relações familiares.

–  As Cartas de nascimento foram calculadas no programa Solar Fire 4.0.

– Elaboramos um questionário constando de 36 variáveis (envolvendo relações por signo e Casa, como as da pesquisa italiana, a ligação de planetas ao Sol e à Lua,  a  conjunção de até 10o dos planetas aos pontos Ascendente, Descendente, Meio do Céu e Fundo do Céu e finalmente a colocação de planetas nas Casas angulares 1, 4, 7 e 10) que foi preenchido para cada uma das 244 relações. Vide questionário na página  seguinte.

– Criamos uma tabela para montagem dos dados levantados nos questionários. Vide na página 13 o modelo da tabulação, com a respectiva legenda na página 14.

– Concluída a tabulação das famílias verdadeiras foi montado um grupo de controle, constituído por famílias falsas que juntou filhos de uma família com pais de outra, visando a verificação da validade dos resultados encontrados.

– Uma nova tabulação foi feita com os dados falsos.

O resultado do grupo de controle invalidou alguns dentre os resultados obtidos nas 244 relações verdadeiras, tais como:a repetição da conjunção de planetas aos ângulos e as ligações dos aspectos do Sol, encontrada nas famílias verdadeiras.

Questionario-UNB.jpg

RESULTADOS OBTIDOS
Foram os seguintes os nossos resultados.


RESULTADOS SIGNIFICATIVOS
610 Mapas – 244 relações Familiares

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Nossos resultados confirmaram a importância da relação entre o Ascendente do filho e  o signo solar dos pais e também a repetição por Casa dos luminares entre pais e filhos e ainda mostraram a repetição do signo dos luminares de pais e filhos, ou entre luminares e Ascendente de pais, já apresentada pela pesquisa Discepolo-Miele.

ANÁLISE

Embora as posições junto aos ângulos não tenham apresentado a  importância dos demais, elas são facilmente observadas na prática. Alias, a este respeito, observamos uma questão curiosa. Em vários Mapas de filhos, nascidos em cidades muito distantes (mais de 1.000 km), daquelas do nascimento de um ou de ambos os pais, o filho apresenta o mesmo planeta do pai ou da mãe em conjunção com um dos quatro pontos, Ascendente, Meio do Céu, Descendente ou Fundo do Céu, embora nem sempre no mesmo ponto apresentado na Carta do pai ou mãe.

Entretanto, este fato só pode ser verificado quando as Cartas dos pais são recalculadas, ou melhor, relocadas para a cidade onde o filho nasceu.

Por exemplo: Uma menina nascida em Nova York possui a conjunção Urano – Netuno sobre o Ascendente. Os pais, nascidos no Rio de Janeiro, no mesmo ano,  possuem uma quadratura Urano / Netuno, mas nenhum destes planetas está junto a qualquer um dos quatro pontos mencionados, contudo, recalculando seus Mapas  para Nova York, a  mãe apresenta Urano junto ao Ascendente e Netuno no Fundo do Céu, e o pai Urano junto ao Fundo do Céu e Netuno em conjunção ao Descendente. Portanto, considerando a cidade de nascimento da filha, tanto ela quanto os pais possuem Urano e Netuno junto aos ângulos.
No que se refere aos aspectos, se analisarmos famílias isoladamente, verificamos sua repetição. Há famílias caracterizadas por ligações do Sol ou da Lua com um dado planeta, contudo os aspectos variam. Nem sempre se repete a mesma angulação como Gauquelin procurou.

Dispondo dentre os dados fornecidos de famílias compostas por três ou quatro gerações, resolvemos estudar algumas delas isoladamente e assim comprovamos a existência de características próprias.

Família composta de 20 membros diretos, apresentou predominância do Sol no signo de Câncer (7 membros). A ligação por aspecto do Sol com Júpiter aparece em 11 membros. Saturno apresenta-se em conjunção ao Ascendente (5 membros) e em conjunção ao Meio do Céu (5 membros).

Conjunção Lua – Saturno: Avô em Capricórnio em conjunção ao Fundo do Céu
Filho em Sagitário junto ao Ascendente
Neto em Peixes junto ao Descendente

Plutão em conjunção ao Ascendente: Avô em Câncer
Filho em Leão
Neto em Libra

Predominância de astros na Casa 9, com participação do Sol: Avô em Peixes
Filho em Libra
Neto em Capricórnio

Saturno em conjunção ao Descendente: Pai em Leão
uma  Filha também em Leão
outra Filha em Câncer

A conjunção do Sol com Plutão em três mulheres da mesma geração.

Aspectos entre Vênus e Saturno em todas as mulheres.

Uma outra questão observada foi o fato de muitas vezes, como na herança física, a hereditariedade astrológica pular uma geração. Podemos encontrar famílias nas quais o neto, como o avô possui olhos azuis, enquanto o filho não os tem. Verificamos que, muitas vezes, o neto nasceu no mesmo dia do avô ou avó ou com o Ascendente no mesmo signo do avô ou da avó.

Pessoalmente, quando procurava de onde teria vindo meu Sol de Câncer, já que nenhum de meus pais possui relevo neste signo, não possuindo os dados de nascimento de meus avós, resolvi procurar os de minhas tias paternas e descobri que três dentre as irmãs de meu pai possuem a Lua no signo em que se encontra o meu Sol. Isto quer dizer que meu avô ou minha avó possuía Sol, Lua ou Ascendente neste signo.

Também podemos encontrar um outro tipo de relação: o filho tem o Ascendente no signo regido pelo planeta que o pai ou a mãe possui junto ao Ascendente.

Exemplo: Pai, Urano em Peixes em conjunção ao Ascendente
Filha Ascendente em Aquário (regido por Urano) em trígono a Urano

CONCLUSÃO

Com o intuito de tornar a pesquisa abrangente, acabamos utilizando um número excessivo de variáveis. Além do mais, posteriormente, lembramos de uma observação feita por Charles Carter com relação ao Fundo do Céu (cujo assunto se refere à própria família, suas bases e raízes). “O signo desta cúspide corresponde àquele do Sol, Lua ou Ascendente do pai ou da mãe”. Já verificamos a veracidade desta afirmação. Desde então, decidimos promover este levantamento nas relações de que dispomos, mas uma série de projetos obrigou-nos a adiar este propósito.

De qualquer forma, é preciso considerar que o fato da significância estatística não ter sido obtida em todos os experimentos não invalida o fato da presença da hereditariedade, na prática, ser incontestável, pois sabemos que lidamos com símbolos e analogias que são elásticos. O enfoque astrológico é qualitativo e singular. Verificamos que cada família possui suas singularidades e a multiplicidade de fatores possíveis com que nos deparamos dificulta a localização de valores que possam ser isolados, entretanto devemos continuar a procurar outras correlações seguras, como é o caso da relação do Ascendente do filho com o Sol de um dos pais ou a repetição da Casa do Sol ou da Lua e quantas mais encontrarmos mais poderemos fortalecer o saber astrológico, mesmo que elas não nos levem a resultados quantitativos.

Para obter um resultado estatístico quantitativo talvez seja necessário estabelecer um modelo de trabalho mais amplo e complexo envolvendo, pelo menos, três e preferencialmente quatro gerações, como sugeriu o italiano Mario Zoli, mas  acreditamos que isto só poderá ser viabilizado através de uma instituição.

 

Rio de janeiro, 15 de Agosto de 2005

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