Maria Callas– A Divina | Espaço do Céu Astrologia
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Maria Callas – A Divina

Autora: Claudia Lamata de Gigli (Argentina) em 12 de março de 2007

(Palestra no 8º Simpósio do SINARJ – setembro 2006)


Maria Anna Sophia Cecilia Kalogeropoulos, conhecida publicamente como Maria Callas, nasceu em 2 de dezembro de 1923, no hospital Flower Fifth Avenue, Manhattan, Nova  York.


Com relação ao dia de seu nascimento, sua mãe, em seu livro My Daughter Maria Callas, disse: “No dia em que nasceu, 4 de dezembro de 1923, nevava com uma fúria desconhecida.” Tanto a data de nascimento como as condições meteorológicas não estavam corretas. Finalmente foi esclarecida e determinada a data real do nascimento – 2 de dezembro de 1923. O trabalho de retificação levou-me ao horário de 06:10 AM (EST+5). Desta forma, definimos um Ascendente em Escorpião a 28º 03’ .
Este Ascendente fala do modo como esta mulher, ao longo de sua vida, integrou e trabalhou o signo de Escorpião. Houve muitas perdas e crises dolorosas que ocasionaram mudanças internas, profundas e críticas. Também foi notório o caráter forte e determinante, assim como a persistência e vontade que teve com relação à sua profissão. Marte, co-regente do Ascendente em conjunção a Saturno em Libra, reflete um trabalho duro e constante, buscando a perfeição. 
Plutão, regente do Ascendente, se encontra na casa VIII e no signo de Câncer. Este posicionamento confirma as crises escorpiônicas que Maria Callas teve que atravessar.


Neste mapa, Escorpião e Sagitário se combinam na casa I, com a presença em Sagitário de Júpiter, Sol e Mercúrio. É evidente a força que existe e, ainda mais, se recordarmos a importância da casa I. Assim, as interpretações com as quais Maria Callas mais se identificou tiveram um alto conteúdo escorpiônico. Num parágrafo do livro Fuego Griego é explicado que, na ópera “Medéia”, Callas, logo no início, aparece de pé, envolta numa capa que só deixa ver os olhos negros muito marcantes e cheios de ódio, revelando cores e formas escorpiônicos. Na última cena, na qual o templo é derrubado, ela fica à frente de uma carruagem enlaçada por serpentes e com cadáveres de crianças a seus pés. Intensidade, paixão, ciúmes, morte e extremos é o que mostra este personagem, que representa  também o que Maria Callas padeceu em sua vida.
O mesmo ocorreu com a interpretação da “Tosca”, de Puccini. Os ciúmes e a paixão de Tosca e sua fidelidade para com seu amado Mario, a levaram à morte. Outra interpretação foi “Norma”, na qual a traição, infidelidade e os ciúmes têm um papel importante, levando Norma e Pollione à morte. Estes personagens se ajustam bem a um Ascendente Escorpião.


O Meio do Céu, em 12º 24’ de Virgem, reflete o trabalho artesanal que teve que fazer com sua voz porque, se por um lado sempre foi poderosa, por outro tinha problemas com as notas mais altas e sua sustentação. Muitas vezes, quando desafinava, sua voz era realmente feia, mas foi através de um trabalho intenso e detalhado que conseguiu um forte magnetismo ao cantar. A Lua, localizada na casa X, fala da popularidade que teve e que continua  muito grande, apesar dos muitos anos que se passaram desde sua morte.


A presença de Júpiter, Sol e Mercúrio na casa I, sendo o último regente do Meio-do-Céu, reflete a importância que a profissão teve em sua vida. Proporcionou-lhe popularidade e riqueza, porém ao mesmo tempo comprometeu-a até os últimos anos de vida. Maria só gostava de estar rodeada de admiradores e jornalistas quando trabalhava; neste momento era Callas (a presença de Júpiter, Sol e Mercúrio na casa I). Fora do cenário, era uma mulher insegura e humilde, sendo uma carga interpretar o papel de Callas (Marte, regente do Ascendente, em conjunção a Saturno e Lua em quadratura a Mercúrio). Tinha duas caras, co-habitavam duas pessoas em um só corpo: Maria e Callas.
A presença de Júpiter em Sagitário, em conjunção ao Ascendente, se cristaliza quando dizia: ”Me considero uma privilegiada por ter tido um destino raro. Sou filha do destino, o destino me colheu porque me queria assim”…

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A BIOGRAFIA ATRAVÉS DO MAPA NATAL


Descoberta da voz:
Quando tinha 05 anos sua mãe, que amava ópera, ouviu-a cantar junto ao rádio e se deu conta que Maria possuía uma voz extraordinária. Isto a levou a colocar Maria em aulas de canto e, sob nomes falsos, inscrever a menina em concursos radiofônicos. Também fez com que ela participasse em apresentações musicais da escola.


No dia 20 de fevereiro de 1937, a bordo do Saturnia, sua mãe a levou para a Grécia com o objetivo de impulsionar uma carreira musical para Maria. Nesta travessia, o capitão do barco, ao saber das qualidades da voz da jovem, solicitou que ela se apresentasse em uma festa para oficiais e passageiros da 1ª classe. Maria foi se transformando à medida que interpretava uma versão de “ La Habanera ”, da ópera Carmem. Seu desenvolvimento foi mágico. Este dom de Maria para encarnar uma personagem provocaria no futuro uma mudança na ópera, até então desconhecida.


No mapa natal observa-se claramente a promessa do êxodo, como se o seu lar estivesse sempre no estrangeiro e muito longe de seu lugar de nascimento. O regente da casa IV, Júpiter, localizado na casa I e em seu domicilio, Sagitário, é o principal indicador do êxodo, já que o planeta e o signo (mutável) representam o estrangeiro. Observamos também o regente da casa IX – que representa o estrangeiro – o Sol, em Sagitário e na casa I, e a Lua – indicação natural do lar – em signo mutável, na casa X. Este mapa natal nos fala de um constante perambular pelo mundo. Não é em vão que alguns biógrafos dizem que apenas acidentalmente nasceu em New York. A divina é cidadã do mundo.
Na Revolução Solar de 1936 podemos ver que Marte se encontra na cúspide da casa IX, é regente da casa X e tem afinidade com o Ascendente Capricórnio, onde está exaltado. Marte está em recepção mútua com Vênus, que rege a IX e está em conjunção ao Ascendente. Plutão, ainda no signo de Câncer, está em trígono ao Ascendente e também faz trígono ao Ascendente natal, indicando uma mudança total. As relações entre seus pais estavam muito mal e nunca mais se recompuseram.


A recepção mútua Vênus/Marte ativa o eixo de casas III/IX, nesse mesmo ano Maria começa a estudar no Conservatório Nacional.

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A Caminho da Fama e do Mito
Em 1947, depois de fracassar nos EUA, dirige-se a Verona, Itália, e consegue trabalho para quatro apresentações com as quais  ganhou apenas  240 dólares.  Porém, sua vida teve uma mudança radical. Nesta cidade conheceu Giovanni Battista Meneghini, um empresário e também mentor e protetor de cantoras iniciantes. Quando ele conheceu Maria Callas, a convenceu de ficar na Itália, apesar de ter sido rejeitada pelo Teatro Scala de Milão, tomando para si o encargo de mantê-la e proporcionar-lhe os mestres que necessitava. Mais tarde, Maria se casaria com Meneghini, que era trinta anos mais velho  que ela.

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Ao observar seu mapa natal podemos encontrar a analogia com o que esta mulher teve que viver com relação ao casamento. Em primeiro lugar, o regente da casa VII, Vênus, se encontra no signo de Capricórnio, fazendo um sextil com o seu dispositor, isto é, Saturno, que por sua vez se encontra em conjunção a Marte. Vênus e Saturno, além de se conectarem por aspecto, também estão em recepção mútua. O que se deduz desta análise é a presença de um marido muito mais velho que ela e com o qual terá um entendimento e uma comunicação próprios do sextil, como um acordo entre ambos no que se refere ao plano do dinheiro ou dos valores e o trabalho disciplinado. Meneghini exigia de sua mulher vida disciplinada e austera. Praticamente não tinham vida social e as despesas maiores decorriam das turnês, vestuários e gastos de representação. Tudo girava em torno do trabalho e seus ganhos.


Com a Revolução Solar de 1946, a vida da cantora dá uma guinada importante. Podemos observar a Lua na cúspide da casa IX, prometendo uma longa viagem por motivo de trabalho (Lua natal na casa X). O Ascendente da Revolução Solar se sobrepõe a casa VIII natal. Isto fala do casamento, além do mais este Ascendente faz trígono ao eixo Ascendente / Descendente natal. A casa VII da Revolução está em Capricórnio e com seu regente, Saturno, na casa I, poderia ser feita a leitura de uma aproximação com relação ao outro, neste caso seu futuro esposo, dando origem a uma nova forma de vida. O  signo de Câncer ascendendo faz referência à família, da mesma maneira que o Meio do Céu / Fundo do Céu (Áries – Libra),  fala de uma nova relação que, por destino, teria que viver. Por sua vez, Saturno na Revolução Solar faz  trígono ao Sol, Mercúrio está em sextil à Lua natal e Marte em conjunção ao Mercúrio natal. Os indicadores de questões profissionais voltam a aparecer mantendo uma dinâmica importante.


O Ascendente da Revolução Solar esta em quadratura com a conjunção Marte-Saturno natal, indicando mais uma vez as dificuldades e tensões que seriam vividas durante o ano.


Em 21 de abril de 1949 Maria Callas se casou com Giovanni Battista Meneghini. É interessante ver as progressões desse momento:  o Ascendente progredido está em conjunção ao Mercúrio natal e a Lua progredida está em sextil, quase exato, à conjunção Saturno – Marte natal. Vênus progredida faz sextil  ao Júpiter natal.

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Vejamos a análise astrocartográfica de seu mapa natal. Observemos primeiro o trecho europeu.

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Podemos observar que entre Ankara e Paris (do leste para o  oeste)  se localizam as linhas dos meridianos,  Meio do Céu,  de Vênus, Mercúrio, Sol e Júpiter. Se relocarmos seu mapa natal para as coordenadas de Atenas, Grécia, seu Ascendente relocado se encontra em Peixes, na casa IV do mapa de  Nova York,  e Urano está em conjunção com este novo Ascendente.
A aproximação mais íntima, entre Maria Callas e Meneghini, que terminou em casamento, ocorreu em Veneza. Vejamos o mapa astrocartográfico progredido ampliado para a Itália.

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O Meio do Céu do Sol progredido para 29 de junho de 1947 passava sobre Veneza e próximo de Verona, cidades onde ocorreram o noivado e o casamento com Battista Meneghini. Uma vez casados, foram viver em Milão, e sobre essa bela cidade italiana passa o meridiano do Sol natal da Sra. Callas.


Em 1953 o súbito emagrecimento da Diva, na idade de 30 anos, constituiu um fato de suma importância. Depois de muitos tratamentos e consultas com cirurgiões plásticos, que nada puderam ajudar, Maria emagreceu 30 kg , chegando a um peso de 53 kg , com uma altura de 1,75 m . Havia se convertido em outra mulher.


Os dados generosamente oferecidos pelo livro Fuego Griego nos informam que este emagrecimento se produziu entre dezembro de 1952 e o começo de 1954. Esta mudança em seu físico não foi algo trivial, como poderia ter sido para qualquer outra mulher, pois foi devido a isto que Maria Callas se transformou de uma soprano gorda, pesada e pouco atraente em um manequim. O corpo delgado, com sua altura lhe dava um ar distinto e etéreo. Tinha agora todos os recursos para interpretar aquelas débeis e delicadas mulheres da “Traviata”, “A Sonâmbula”, “Madame Butterfly”, e converter a Norma em uma deusa. E agora, mais do que nunca, incluiria uma quota de fundo dramático em suas interpretações.


É interessante ver suas progressões e trânsitos para esse período.
Saturno em trânsito retorna repetindo a conjunção ao Marte natal, em outubro de 1953 (recordemos que Marte é o co-regente de seu Ascendente), cumprindo assim uma função limitante. A Lua progredida faz conjunção ao Saturno natal.
Em dezembro de 1953 Marte em trânsito faz conjunção ao Marte–Saturno natal. Nesta mesma ocasião a Lua progredida faz conjunção ao Saturno progredido.
Netuno em trânsito, já em orbe, chega também à famosa conjunção Marte – Saturno e coloca o ingrediente aquoso ao qual se refere o físico, mas também a confusão com  relação à causa. Muito foi dito a respeito, porém  a verdade só foi confessada pela cantora a uma amiga íntima. Textualmente, o livro já mencionado diz:


“Muitas coisas foram ditas a respeito, porém o certo é que ingeri uma solitária. Eu engoli voluntariamente e foi assim que perdi trinta quilos”.


Como se pode observar, tanto Marte quanto Saturno tiveram papel importante na vida desta mulher e no que resultou profissionalmente.


Encontro com o destino 
No dia 03 de setembro de 1957 a jornalista Elsa Maxwell apresentou Aristóteles Sócrates Onassis a Maria Callas. Assim, se encontravam os dois gregos mais famosos do mundo. Onassis com 53 anos e Callas com 36. Este foi apenas o conhecimento já que o romance só começou anos mais tarde.


A vida de Maria mudou desde este encontro.
A Revolução Solar que corresponde a esta ocasião foi passada  em Nova York.
O Ascendente é o mesmo natal, com pequena diferença em minutos. A repetição dos eixos natais, nesta revolução, faz referência a um novo ciclo na vida desta mulher, que nada tem a ver com o já vivido anteriormente.


Neste momento Maria Callas se encontrava em seu ápice, tanto pessoal quanto profissional. Convertida na menina mimada da sociedade. É possível observar isto na Revolução Solar através da presença da Lua em conjunção ao Ascendente e ao nodo norte, que mostram a popularidade alcançada. Por outro lado, a Lua em Escorpião indica as manipulações e tramas de que se valeu Maria Callas para entrar em contato com a jornalista, influente em certos círculos.  Quer dizer, a ação  partiu dela.


Porém, ao mesmo tempo, a presença do nodo norte no Ascendente indica uma condição a ser vivida, da qual não poderá escapar.  Será um relacionamento, já que ocupa o eixo Ascendente / Descendente, com a qualidade Escorpião – Touro. Uma relação difícil e apaixonada, onde o poder e o dinheiro ocupam lugar importante. Uma relação pela qual Maria Callas teria que abandonar muitas coisas e renunciar definitivamente a outras.


O conhecimento deste homem ficou marcado nesta Revolução Solar.
A presença de Saturno na casa I, em Sagitário, faz referência à imagem de Onassis e ainda Saturno em conjunção ao Sol e ambos em trígono a Urano, na casa IX, um homem mais velho e estrangeiro. Recorda ainda a promessa natal de Saturno em contato com Vênus.
A oposição entre Júpiter e Marte nesta Revolução Solar, em aspecto com Lua, nodo norte e Ascendente (solar e natal), faz referência a um ano de popularidade no trabalho, mas também  de situações difíceis a serem  vividas.

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O mapa progredido do dia em que conheceu Onassis apresenta a Lua em conjunção ao Ascendente. Júpiter progredido aproxima-se da conjunção ao Sol natal, em orbe. Porém , ainda não estava exato. Mercúrio retrógrado, no grau 28 de Capricórnio, faz uma quadratura à conjunção Marte – Saturno e sextil ao  Ascendente natal.


Em 31 de julho de 1956 Mercúrio retrogradou neste grau.

É muito significativo o fato de que, pouco antes de conhecer Onassis, Mercúrio tenha mudado de movimento, porque ele é o regente do  Meio do Céu natal e  dispositor da Lua. Vejamos o mapa progredido deste dia.


As mudanças de movimento de Mercúrio progredido para direto, retrógrado e novamente direto, marcam a vida de Maria, assim como a quadratura de Mercúrio à conjunção Marte-Saturno natal, que falam de sua profissão e de sua pessoa. Da mesma maneira, também são marcantes as progressões de Júpiter.


Mapa progredido para 03 de setembro de 1957

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O verdadeiro amor
Logo após uma maravilhosa interpretação de Medeia, em Londres, a 17 de junho de 1959, Onassis e sua esposa organizaram uma festa em Dorchester, em homenagem a Maria.


Analisando o mapa progredido para 17 de junho podemos observar que a Lua  já está em orbe aproximativa de um trígono com a Lua natal. Durante este ano podemos dizer que a popularidade da cantora vai num crescendo, mas isto não ocorre por seu talento.
Júpiter progredido, nesse dia 17 de junho, está em 9º 10’ de Sagitário (sobre o Sol natal), como se o próprio Apolo, com sua magia e encanto, entrasse em sua vida.

 

Em seu aniversário de 02 de dezembro de 1958, Júpiter progredido estava em 9º 13’ , a minutos do Sol.

Em 17 de junho de 1959, Júpiter, a 9º 19’ , já havia saído do orbe exato. Durante esses meses, até chegar ao Sol e deixa-lo, vão ocorrendo os encontros e a aproximação sigilosa e calculada de Onassis  com Maria.


A Lua progredida faz um sextil a Marte progredido, este aspecto é importante uma vez que Marte, como já foi dito, é o co-regente de seu Ascendente natal.

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Chegamos à Revolução Solar de 02 de dezembro de 1958 e observamos sua importância, já que aqui se cristaliza a mudança que se produz em sua vida. Encontramos uma casa IV carregada, cuja cúspide está em 4º 11’ de Sagitário, sobre a casa I natal. Isto nos leva a pensar que algo muito profundo e transcendente em sua vida, durante esse ano, vai acontecer e ter início. Se considerarmos a derivação de casas, podemos dizer que a IV é a XII da V: uma das muitas leituras  para assuntos secretos amorosos.


Aristóteles Onassis não se rendeu ante as negativas de Maria frente ao seu convite e continuou a insistir. Assim, em 23 de julho de 1959, às 12:08 AM, o iate Christina zarpou para um cruzeiro pela Grécia saindo do porto de Montecarlo.
Essa viagem mudaria o curso da vida de Maria Callas já que o armador havia estendido suas redes e faria com que esta mulher, que até o momento havia vivido somente para seu trabalho, descobrisse um mundo colorido. Era a primeira vez que Maria realmente se enamorava.
Durante este cruzeiro se iniciou o romance entre Maria Callas e Onassis.


O stellium localizado na casa IV e em Sagitário, considerando o simbolismo, nos remete ao estrangeiro e a viagens longas. O Ascendente da Revolução Solar está em 9º de Virgem, seu regente Mercúrio, que representa Maria, está na casa IV em conjunção a Saturno e retrógrado. Saturno rege a casa V da Revolução Solar. Podemos considerar Onassis na imagem de Saturno  (homem mais velho), desempenhando o papel de amante. A retrogradação de Mercúrio diria a Maria para rever uma situação  anteriormente apresentada, que havia sido recusada.
Neste cruzeiro começaram a se conhecer mais profundamente, percebendo que suas vidas tinham muito em comum. Falavam   bem o grego e amavam a Grécia, embora não tivessem nascido lá. Na juventude, ambos haviam sofrido com a guerra e com a pobreza dela decorrente. Haviam superado esta pobreza por seu próprio esforço, trabalhando duro, ambos tinham um temperamento forte e colérico e eram míopes. Também eram dramáticos e exagerados em seus relatos ou recordações  e supersticiosos.


Callas era muito religiosa e tinha muita fé: Sagitário e Júpiter, seu regente, situado em domicilio. Foi assim que considerou que seu destino  era junto a Onassis e que a bênção significava a cristalização dessa união. Decidiu romper seu casamento.
Remetendo-nos novamente à Revolução, temos Plutão, na casa XII, fazendo uma quadratura partil ao eixo Meio do Céu/Fundo do Céu, que corresponde ao eixo de relacionamento em seu mapa natal, uma vez que, sua casa VII natal está em Touro e Gêmeos e na Revolução Solar Gêmeos ocupa o Meio do Céu.  O Sol, na casa IV (regente da XII), faz quadratura ao Ascendente/ Descendente. Uma mudança radical em sua vida, pela ação de Plutão e, em seu lar, alterando seu casamento: Plutão na  XII já próximo do Ascendente da Revolução Solar.
A vida de Maria Callas havia mudado não apenas em função de sua relação com Onassis, mas também suas aspirações e desejos davam uma guinada. Estava cansada de cantar.

Separou-se de Meneghini para poder viver em liberdade o romance com o magnata.


Em 2 de dezembro de 1959 Maria Callas estava grávida de 04 meses.  
Em seu mapa natal não existe a promessa de filhos e, no caso de tê-los, seria com muito má sorte. Isto pode  ser entendido  pelo regente da casa V, Marte,  em signo de queda e em conjunção a um maléfico, Saturno. Nos aforismos de Albubather, “Sobre os Nascimentos”, o de nº 163 “Dos nativos carentes de filhos ou que têm poucos diz: “Quando o regente da casa dos filhos (neste caso Marte) estiver em signo estéril ou de escassa prole (Libra o é), o nativo carecerá de filhos ou terá poucos, principalmente se o dito regente for impedido ou desafortunado (o impede Saturno em conjunção). Também diz: “Quando Vênus estiver com Saturno, indica que haverá diminuição de filhos e que estes serão maus.” (Vênus está em sextil à conjunção Saturno – Marte).


Durante a Revolução Solar do ano de 1958 Maria ficou grávida e, se observamos, a Lua encontra-se na casa XII, em Leão, aproximando-se de uma conjunção a Urano. Esta Lua  é a regente da casa XI, quer dizer, ativa o eixo V /XI. De fato, a gravidez foi ocultada, não foi desejada e nem estava prevista.


No mês de outubro de 1959, a Lua progredida fazia conjunção a Mercúrio progredido.

A ocultação do filho.

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Fim da vida  
Durante o ano seguinte à morte de Onassis, Callas se refugiou em sua casa, saindo muito pouco. A sensação de perda que Maria sentia, sem Onassis, era devastadora e o vício em soníferos ia crescendo.
Na manhã de 16 de setembro de 1977 acordou tarde, tomou seu café da manhã na cama e se levantou para ir ao banheiro. No caminho, desmaiou e caiu. Quando o médico chegou, já havia falecido.
Nesta última análise de sua progressão há algo impactante: Mercúrio, em seu último aniversário, passou ao movimento direto. Na realidade, precisamente em 3 de dezembro de 1976.


É notável o movimento deste planeta. Quando se pôs retrógrado, a vida da cantora pressagiava uma mudança radical. A retrogradação de Mercúrio a levou por caminhos obscuros e penosos. Propiciou-lhe um grande amor pelo qual abandonou tudo, até suas mais altas aspirações na carreira, a fez viver a morte de um filho e de muitos outros seres queridos. E quando todas essas desgraças já pareciam esfumaçar-se, e desaparecer para sempre, é ela quem se vai. Já não era necessário viver mais, não havia lugar para uma outra vida diferente. Tudo havia nascido e também havia morrido. O aprendizado havia terminado.  Por isso morreu serenamente em sua casa.


A Lua progredida está em oposição ao Urano natal (casa IV, fim de vida). Vênus progredida está em conjunção ao nodo sul natal. Quíron progredido volta a ocupar o mesmo lugar do nascimento com minutos de orbe.
A Revolução Solar de 1976 apresenta a Lua angular na casa IV; regendo a casa VIII, também fala do fim da vida. Netuno, no Ascendente e em trígono à Lua, pode referir-se à instabilidade e confusões que Maria sentiu no último ano de sua vida. A Lua também faz trígono ao Ascendente e a Sol e Marte. Mercúrio faz  quadratura à Lua natal. Nesta Revolução Solar, o stellium formado a partir da XII para a casa I, indica a situação vivida. O Sol na XII junto a Marte indica seu isolamento voluntário. Todos estão em conjunção, exceto Mercúrio, mas por estar próximo é arrastado.  Porém todos, ação, vontade, competência e comunicação, tinham uma cor diferente já que, por estarem ligados com a Lua, parece que foram arrastados por ela, que funcionou como detonadora do fim da vida.


Saturno, na casa VIII da Revolução Solar, também se une ao grupo por trígono.  Poderíamos pensar que, em termos de morte, a ação branda do trígono  funcionou para que ela fosse  repentina e sem sofrimento.
Há um grande trígono entre as casas IV, VIII e XII, que indicam fins, transformações e transcendências. Com os planetas em signos de fogo,  porque não pensar em um novo ciclo que se iniciava a partir do mais profundo de seu ser, para encontrar-se novamente com sua essência, brilhar e, assim, cruzar os horizontes mais altos e longínquos da existência humana.


Mercúrio progredido passou de estacionário para direto.


Maria Callas deixava de existir para o mundo físico numa manhã de setembro, porém não para o mundo da música e da arte. Muitas cantoras existiram, existem e existirão. Porém, para deixar uma marca no mundo da ópera, não apenas uma boa voz é requerida, além disso, também é preciso uma forte presença de palco. O que caracterizou esta maravilhosa soprano foi o amor que, dentro dela, incorporava à música para presenteá-la ao mundo.


Segundo palavras do texto antes citado: Quando uma estudante lhe perguntava qual era a melhor forma de interpretar uma obra musical, ela respondia – “Amando-a”


Bibliografia
GAGE, Nicholas. Fuego Griego.
MARCHAND, Miguel Patrón. Callas y 99 contemporaneos.
LELAIT, David. La Biografia de Maria Callas.

Sites:
http://investigaastrologia.com.ar- A Divina
http://investigaastrologia.com.ar/estudios.htm – “Estudos Realizados”.


Claudia Lamata de Gigli é argentina formada pelo  no Centro Astrológico de Buenos Aires (CABA).


Rio de Janeiro, 12 de março de 2007.


É proibida a reprodução total ou parcial deste texto.

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